quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Coisinhas para 2011


  • Perde no mínimo 8kg ate a metade do ano;
  • Renova o guarda roupa depois que eu perde peso;
  • Me dedicar mais aos estudos;
  • Tirar uma nota boa no SSA e no PSS;
  • Ser feliz;
  • Chegar no final do ano com 50kg;
  • Não morrer;
  • Me formar no curso de Inglês;
  • Consegui o intercâmbio;
  • Não ficar mais trancada em casa todo final de semana;
  • Viajar para Orlando, Nova York e Miami;
  • Voltar para a academia.
Obs: Essa lista pode ser alterada a qualquer momento, devido a acontecimentos no decorrer do ano.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

22 dias

E as festas começaram. Ela não tem mais tempo para entrar aqui. Não é que não queira, mas está sendo feliz, e quer curti isso longe dos computadores e aparelhos eletrônicos que isolam tantas pessoas. Seu pai chegou de viagem e só vai embora no meio de Janeiro do ano que vem. Ela esta descobrindo quem são seus verdadeiros amigos, e deixando os falsos de lado. A Ana ainda convive com ela, mas está calada, quieta, esperando que ela suba numa balança e descubra quanto engordou, ou tenha que vesti um biquíni e ver toda aquela banha. Ate lá ela vai tentar não pensa na amiga oculta que tem dentro de se...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

13 dias

Ela pede desculpas pelo poste vago de ontem. Ela pretendia fazer 120 horas de NF, e só postar em quantas horas estava quando estivesse entediada. Mas o problema foi que em pouco mais de 24 horas desde a ultima vez que havia comido estava com a cabeça inclinada esperando que sua mãe conseguisse tirar com uma pinça o brinco do seu terceiro furo, que ficava no topo da sua orelha direita, e que havia ficado extremamente inflamado sem motivo. O furo que tinha a tanto tempo, e que nunca lhe havia causado problemas, agora estava formando uma bolha na sua orelha. Não se sabe, mas acreditasse que a falta de comida, o que tinha acabado de ver na sua orelha e a idéia de ter que ir parar no hospital para tirar o brinco tenham sido o motivo do acontecimento seguinte. Sua pressão começou a baixar, ela comunicou a sua mãe rapidamente e em pouco tempo as luzes começaram a apagar ate que tudo ficou escuro e ela perdeu seus sentidos. Acordou algum tempo depois assustada e soluçando sentada em uma cadeira com o rosto encostado no corpo da sua mãe. As lágrimas vieram em um jorro. Por que ela tinha que ser tão fraca? Não podia aguentar uma pequena dor para tirar o brinco? Ou não podia consegui terminar uma meta de NF como fazia antigamente? Parece que não. Sua mãe fez com que comesse um chocolate para que a pressão voltasse ao normal, deixou que chorasse mais um pouco, tirou o brinco sem lhe causar nenhuma dor, e depois exigiu que comesse mais alguma coisa. Depois de ingeri um mingau, que caiu como pedra em seu estômago vazio, sua mãe começou com o falatório de como ela se cobrava de mais, isso acontecia com o curso de inglês, com a dança e com o seu corpo. Falou que se ela não gostasse de se mesma ninguém mais iria gostar. O discurso foi convincente. Hoje ela acordou com um humor melhor e comeu normalmente. Estava feliz, ate sua mãe comentar que ela precisa comer menos, com um sorriso idiota no rosto. Já é bastante difícil ela se olhar no espelho e ver que talvez nunca possa ser como as garotas que admira, não precisa que sua mãe insinue que ela está gorda...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

8 dias

A Mia a persegue. E ela já deixou bem claro que tem muito medo dela. Depois de ontem um LF de 200kcal, hoje compulsão de novo. E depois de comer tudo aquilo ela já estava passando mal, e pensando bem, nem foi muita coisa comparado ao que comia antes. Sentou-se em sua cama esperando que o enjoou passasse. Talvez se miasse não ia sentir mais esse peso enorme no estômago. Já estava ate vendo a cena: indo ate o banheiro do lado do seu quarto, trancando a porta, ligando a música no celular, colocando o dedo na garganta e tudo que tinha ingerido no jantar saindo por onde entrou. Não mesmo! Aquilo lhe dava arrepios. Definitivamente, ou ela come tudo ou nada, nunca um meio termo que dure muito tempo, então é melhor ficar com o nada. Isso quer dizer que amanhã vai fazer um NF, mesmo sua mãe implicando. Amanhã ela também vai se pesar, sem falta, enquanto vai fazer compras no centro da cidade. Sim, a cidade que ela reside é tão pequena que não tem um shopping.  E hoje recebeu uma noticia, que pode se dizer boa e ruim. A parte boa é que vai passar o final das ferias e o inicio das aulas na casa de uma das suas melhores amigas, enquanto sua mãe viaja com seu pai, sem precisar ir ficar com os seus parentes problemáticos numa cidade terrivelmente quente. E a ruim é que sua amiga é magra e adora comer, e como elas não se separam, já deve está desconfiada da TA dela, então não vai desgrudar do seu pé. Por isso que a hora de emagrecer é essa, não vai ter outra oportunidade. Com uma festa de 15 anos pra ir, uma apresentação de dança a fazer e as festa de final de ano chegando tem que está perfeita!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

6 dias


Compulsão? Pode até se dizer que toda amiga da Ana tem. Uma hora ou outra as amigas brigam e o resultado é esse. Mas quando você pergunta quem não se importa com as compus, porque elas só acontecem de vez em quando, ninguém levanta a mão e diz: eu! A mesma coisa acontece com ela. A lista? Leite condensado, pão, biscoito, pizza, batata frita... E por ai vai. O pior é que seu estomago não é como antes, ele foi reduzido com o tempo, e está mais sensível as coisas pesadas, então depois de comer tudo isso ela só podia está passando mal. Como compensar? Ela decidiu que durante alguns dias vai viver a base de leite desnatado e poucas frutas como abacaxi ou maçã. Um NF seria o mais apropriado, mas é quase impossível de se fazer. Não que ela não seja capaz, pode passar dias sem comer tranquilamente. O problema é que sua mãe já sabe da Ana, e agora ela não pode pular mais nenhuma refeição, o que diria todas. Então o jeito é tentar levar comendo, mesmo que ela ainda não saiba quanto está pesando ou se perdeu alguma coisa.

domingo, 5 de dezembro de 2010

5 dias

A Ana está calma. Ainda esta dentro dela, ela pode sentir. Não consegue comer muito sem se sentir uma fracassada. Ontem, no jantar com sua mãe, ela foi obrigada a comer, ate porque havia muita gente lá que a conhecia, não gente da sua idade, ela era a mais nova presente, mas os pais ou avôs de seus amigos, que com certeza falariam como ela não havia comido nada naquela noite. Pois bem, ela passou pelo coquetel tranquilamente, recusando todas aquelas entradas fritas que lhe ofereciam. Nada de refrigerante, apenas água. O jantar foi servido, sua mãe insistiu, e ela comeu do bufê. O sorteio dos presentes foi feito enquanto todos apreciavam a sobremesa, menos ela, claro. Todos se ofereciam para pegar um pouco pra ela, mas ela recusava. Quando perguntavam por que, sua mãe abria a boca para dizer:
– Ela não quer engordar.
As mulheres gordas – a maioria – a olhavam e depois colocavam seus pratos de sobremesa meio comidos de lado. Ela ria baixo para se mesma. Nunca ia acabar como aquelas mulheres, gordas e dependendo do dinheiro do marido. Seria magra e bem sucedida. No sorteio ganhou uma travessa de porcelana, sua mãe ficou tão feliz com o presente. Voltaram para casa e ela dormiu pouco depois de deitar. Hoje acordou meio dia e meia. Foi com sua mãe e seu irmão almoçar. Comeu normalmente, mas sem exageros. Nada de carne vermelha, fritura ou massa. E de sobremesa um suco de maracujá sem açúcar. A dias não sabe quanto está pesando, mas ate ter a certeza que emagreceu bastante ela não vai diminuir com as dietas.

sábado, 4 de dezembro de 2010

4 dias


Faltou energia, e agora, o que ela ia fazer? Sem computador, sem televisão e as bicicletas com o pneu baixo? Ficou andando pela casa, sem os sofás a sala de TV parecia maior. Seguiu para a cozinha e em seguida para a despensa. Viu as quatro latas de leite condensado, os pacotes de bolo de chocolate instantâneo e os de biscoito recheado. Quase perdeu o controle. Na sala de jantar a mesa já estava posta. Pão Frances, bolachas, torradas, achocolatado, queijo mussarela, iogurte... Abriu o pacote de pães, haviam quatro, hesitou e largou o pacote de lado. Ela não ia estragar tudo! Mais tarde iria para um jantar com a sua mãe, já seria muito ruim. Ela desceu para a garagem, procurou uma corda, pulou poucos minutos e já estava cansada. Subiu para o primeiro andar de novo, esperando que a energia já tivesse retornado. Nada. Sentou-se em uma cadeira sem saber o que fazer. Começou a pensar que uma das latas de leite condensado não faria diferença para sua mãe, e o fogão não precisa de energia para funcionar, tinha achocolatado, não faltava nada pra fazer brigadeiro. Balançou a cabeça, ela tinha que parar de ter essas idéias. Lembrou-se que tinha comprado um livro que ainda não havia lido. Correu para o quarto, o pegou e se deitou no sofá da sala da frente. Quando estava terminando de ler o primeiro capitulo escutou o barulho da geladeira velha voltando a funcionar. Pouco depois sua mãe acordou, pegou um pacote de biscoito recheado e lhe ofereceu. Já não seria bem ruim sua mãe ter decorado a árvore de natal com chocolate, agora ficava lhe oferecendo de tudo e ainda comprando latas e mais latas de leite condensado quando ela quase não usa. Mas não precisa de sua mãe, ela consegue ser forte sozinha.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

3 dias

Ela olhava as fotos passando no telão improvisado. Aquele aperto no peito que ela já sentia subiu pela garganta se transformando em um choro. Ela segurou as lagrimas, nenhuma ousou molhar o seu rosto. Era o culto de enceramento da sua turma, as fotos das pessoas que marcaram o seu ano e até mesmo dela estavam sendo acompanhadas por uma música que falava sobre o final de ano. Ela olhou em volta, sua mãe estava lá assistindo com ela. Voltou seu olhar para o telão de novo, agora foi mais difícil segurar o choro, mas resistiu. Afinal, não era o fim realmente, ainda havia um prova final para ser feita e as férias não condenavam a separação de fato, mesmo sabendo que não iria passar muito tempo na cidade. Mas algumas pessoas não estariam no mesmo colégio ano que vem, e todos os professores serão diferentes no ensino médio. O culto prosseguiu, houve mais uma homenagem aos professores e todos saíram do auditório. No refeitório teve sorvetada. Não era difícil para ela resisti, o ruim era explicar a todos que perguntavam por que não queria tomar sorte no meio de tantos sabores diferentes. Dizia que simplesmente não estava com vontade. Ela já tinha ingerido duas fatias de abacaxi no café da manhã, e estava perto do horário do almoço, não iria estragar a dieta em sorvete. Pois bem, esperou sua mãe terminar o próprio sorvete, se despediu das amigas e seguiu para casa onde teve um almoço leve. Mais tarde irá sai com uma de suas amigas para comprar os presentes de amigo secreto das próximas confraternizações, e acredita que não terá nenhum problema com isso, mesmo a sua amiga gostando bastante de comer, porque não tem problemas quando ao seu peso, por incrível que pareça ele não altera grande coisa no corpo magro dela. Inveja ela não sente, afinal é sua amiga, mas queria não ter que precisar tanto assim da Ana.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

1º dia


Ela era nova quando começou com as idéias sobre ser gorda. A maioria das crianças não pensa nessas coisas, mas ela era diferente. Tinha quatro anos quando se mudou para uma pequena cidade, na qual mora ate hoje, quase onze anos depois. Sempre era elogiada pela sua inteligência – os hábitos de ler sempre a seguiram – mas era apenas por isso, se é que entende. Sua mãe se preocupava com seus hábitos alimentares, principalmente depois que teve sua primeira e única crise alérgica a chocolate, devido ao excesso. O tempo passava, ela crescia, via as amigas se vestirem bem durante os festivais da cidade fria. Não que ela não tivesse roupas tão boas, mas sempre tinha que comprar números maiores que os indicados para sua idade. Isso lhe incomodava um pouco, mesmo que não falasse a ninguém. Seu pai se mudou para a Angola quando ela tinha treze anos. No mesmo ano conheceu alguém novo, Anorexia era seu nome. Visitou alguns blogs, para fazer um trabalho escolar, que eram ao favor dessa pessoa ainda desconhecida de certo modo. Ficou sabendo assim do seu apelido usado pelos íntimos, Ana. Foi se identificando com as situações colocadas nos blogs, mesmo a maioria delas sendo de pessoas mais velhas, já adultas. Silenciosamente começou com dietas leves, não percebia, mas a Ana já estava na sua cabeça. Criou um blog no ano seguinte, tornando a Ana sua melhor amiga. Mas amigas brigam. Ela culpou a Ana pelas discuções diárias com a sua mãe, pelo fato de ainda não esta feliz e de se sentir mais solitária do que nunca. A Ana tentou lhe mostra que tinha emagrecido, e só era uma questão de tempo ate tudo melhorar, mas ela não ouviu. Excluiu o blog, e se separou de vez da sua amiga. Com o tempo o relacionamente com a sua mãe não melhorou, e sem a Ana continuava solitária e gorda de novo. E quando menos esperou a Ana estava ao seu lado, tinha voltado, ou melhor, nunca tinha lhe deixado. Agora, no primeiro dia do mês de dezembro, o ultimo mês do ano, criou um blog novo e estabeleceu novas metas, prometendo começar de novo sua vida. Já lhe perguntaram se conhecia a Mia, sim, ela conhece, apesar de não ser sua amiga, por ter medo. Não toma remédios, nem mesmo laxantes, gastrite não é uma das coisas que ela deseja, mesmo sendo quase impossível evitar com esse estilo de vida. Não se mutila, e não gosta de ver ninguém fazer isso com o seu próprio corpo, procura uma pessoa em vez de uma lamina. Gosta de amizades, mas é tímida, talvez a Ana tenha ciúmes e diga que deve ser só sua, ou talvez isso seja apenas uma desculpa, não se sabe. Mas pode se ter a certeza que nunca se enche dos desabafos dos outros, porque não consegui contar os seus próprios. Talvez seja para isso – desabafar – que tenha criado o blog, ou talvez queira alguma distração, o mais provável é que sejam os dois motivos. Pois bem, ela está aqui, de volta, esperando que o ano fique igual a ela, novo.